Os camponeses do sudeste do Pará que foram vítimas da ação dos militares nas décadas de 1960 e 1970, quando a ditadura combateu o movimento de resistência conhecido como Guerrilha do Araguaia, criticam a demora nos julgamentos dos processos e a longa espera no recebimento de indenizações.
"Muitos deles já faleceram infelizmente, e não vão poder gozar desse benefício, mesmo tardio", afirmou Mário Brito, da Associação dos Torturados da Guerrilha do Araguaia.
Desde que a Comissão da Verdade foi criada, em 2002, 70 camponeses do Pará conseguiram a anistia e receberam a indenização do Governo Federal com o objetivo de reparar os prejuízos causados durante a Guerrilha.
Mas ainda seguem em tramitação 700 processos do Pará com pedidos de indenizações.
O julgamento mais recente ocorreu no último fim de semana em Palmas, no estado do Tocantins, e beneficiou com indenizações 11 camponeses que sofreram com as ações dos militares na região. Os trabalhadores rurais vão receber indenizações da União com base
no tempo de duração do processo.
De acordo com a decisão, eles terão direito a dois
salários mínimos mensais pelo resto da vida.
Lauro Rodrigues, de 59 anos, é um dos beneficiados e hoje vive em São João do Araguaia. Ele perdeu parte do braço esquerdo depois que uma granada explodiu nas mãos dele. O explosivo, de uso do Exército, foi deixado perto de sua casa.
"Essa reparação não paga, mas vai indenizar a situação diante do que aconteceu....pode ajudar bastante", critica.
O funcionário público Eduardo Rodrigues tem 89 anos e acumula as marcas do sofrimento que passou durante o regime militar. Ele foi preso e torturado na década de 1970 no sudeste do Pará. Ele reclama que foram 43 anos de espera por uma indenização que afirma não compensar os prejuízos e o drama vivido. "A indenização não compensa nem a metade. Ainda doi demais", rememora. (G1/PA)
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